CANIBAL
Minha carne foi o prato
Que comeste quente e crua
Carne que não era tua
O teu crime é abigeato.
Já que presa estás agora
E o alimento te escasseia
Come o resto em tua ceia,
Mas não jogues nada fora.
Antes come o que apetece,
Na próxima refeição
Só preserva o coração
Que de amor tanto carece.
Jamais penses na soltura
O teu crime é sem fiança
Teu corpo, única herança
Pra minha vida futura.
E se a lei mudar um dia
Extinguindo o abigeato
Se eu não for mais o teu prato
Serás presa da poesia.