APATIA

Deixo o barco solto à correnteza

Já que as correntes enfraqueceram,

Do que vale brigar com a natureza

Se os ouvidos dos ventos esqueceram

Que os ecos clamam na tempestade;

Debaixo de risco de relâmpago em fogo

A percorrer no céu toda uma metade,

Fazendo com impulso este jogo.

No teto escuro sobre a minha cabeça

Reme agora o coração aflito em agonia,

Quando penso no peso da sentença

Que termina ao chegar um outro dia.

Solto os remos junto ao barco na certeza

De que a fúria do mar descontrolado,

Desgraçará no flagelo esta beleza,

obra-prima de um poeta deformado.

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 01/11/2009
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