In/Coerência

O meu destino é obra minha
Dentro dos limites que Deus me admitiu compor
Não confio em desígnios, intentos fraudulentos
Que se esvaziam como a acaso
Imprevistos fortuitos imprevistos
Que vem de longe e se perdem
Tenho os pés assentes na terra
Onde trilho planto e ornamento
Mas não descuido o voejar de uma ave do céu
Nem em vão deixo perdido um livro aberto
Nem conturbo o visto pelo não visto
Contemplo o embelezamento da planura
Mão do homem quando intenta
Progredir na acção da natureza
Vigio para que de mim não se desviem
Os olhos para as perfeições
Que escondo no coração
E que dilato sem presunção
Pois amo de coração
Tudo o que a vida me permite 
Esvaziando o imperfeito
pois também estou sujeita a abismos
a toscos e grossos defeitos
que da alma não fazem jus
Rego as minhas felicidades
mas se for necessário abrigo-me
no sombreado ético de árvores absortas
que se crêem sem merecimento
mesmo no atrativo do assobramento
são imagens de amor têm valimento 
sombras que refrigeram e aquietam.


de tta
31~10~09

Segue o teu destino...
Rega as tuas plantas;
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
de árvores alheias"

Odes de Ricardo Reis (Fernando Pessoa

Tetita ou Té
Enviado por Tetita ou Té em 31/10/2009
Reeditado em 31/10/2009
Código do texto: T1897257
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