REALIDADE

Eu ando pelas ruas pra chegar

mas não conheço além do destino

e da partida nenhum outro lugar.

Os olhos daquela menina cheia de estórias

só me é um vulto de cores.

Eu não tenho muita memória

mas percebo e rápido guardo sabores

e no mesmo milésimo de segundo

aquele vulto que ali existia

volta a não fazer parte do meu mundo.

Minha realidade é a esfera pragmática

onde impera a minha existência

Vide que de todas as pessoas

que no caminho eu olho

nenhuma existe pra mim nem vejo

Não que eu não as queira

nem que a recíproca seja verdadeira ou não

Mas o mundo é a realidade da percepção

Eu ando pelas ruas

e só me lembro do amarelo

das faixas de sinalização.

(2007)