Consentindo acaso

Por hoje, me permiti

acordar nua na tua cama

e pela fenda dos olhos

ver o amanhecer de um dia azul

te olhar de qualquer jeito

- todo jeito que me agrada -

nos teus cabelos, nos ombros, nos olhos

te ver no cheiro do suor

e deixar que o tempo corra

sem antever ou prever o ordinário

te engolir num abraço lento

ver-te indo em jeito raro

permiti a música do teu gosto

no meu paladar, hoje insensato

tocando o ouvido pela ponta dos dedos

e querer-te a todo instante num desejo insaciável

passear pelas lembranças que passaram

pra te ter por perto, te fazer ao lado

porque agora, só consigo te querer

cedendo espaço à saudade imatura,

degustar o sal de um choro exagerado

no pálio doce, hoje amargo