não espera
vem
não espera
que mais um dia saia
mais uma a noite caia
não deixa a vontade passar
não espera
que o tempo melhore
que eu tolo
de joelhos implore
ou que um dia quem sabe
de tanta saudade
eu deixe de te amar
vem
não espera
que flores e quimeras
me cubram por inteiro
com ares gentis de primavera
ou que um sol derradeiro
me arda farto
pela janela do quarto
no intenso calor do verão
que folhas vadias
caiam pelo chão
despojadas
carregadas a revelia
pelos ventos mansos do outono
que a neve do abandono
cubra todo meu peito
no frio intenso e rarefeito
da palidez do inverno
vem
corre!
vem me acordar desse sono
vem me tirar desse inferno