Crítica à Formiga
Crítica à Formiga
Dona Formiga,
Me diga
- se você é minha amiga -
o que foi que aconteceu.
Você tem sua morada
É honesta, é honrada,
É benquista, é amada
Mas a Cigarra sofreu.
Só porque ela cantava
Enquanto você laborava,
Trabalhando como escrava
- você não tinha o direito.
Fechando a porta à Cigarra
Quando ela não tinha garra
Pra suportar a dura barra
- não se age desse jeito.
A Cigarra ali cantando
Estava lhe alegrando
Portanto, executando
O que sabia fazer.
Cada dom que a gente tem
Compartilhemos também
Ajudando sempre alguém
Nesse nosso padecer.
Resposta da Formiga
Sou seu amigo, acredite
Mas não venha com palpite
- pare, veja e bem medite
na minha situação.
Sou honesta, bem sei,
Tudo o que tenho plantei
E a ninguém nunca neguei
Um pedaço do meu pão.
Queria apenas mostrar
Que quem sabe cantar
Pode também trabalhar
Em outras ocasiões.
A Cigarra bem que podia
Cantar de noite, trabalhar de dia
Só assim garantiria
Como eu, suas provisões.
É muito fácil criticar
Sem na verdade meditar
O que aconteceu por cá
O episódio verdadeiro.
Antes de julgar alguém
É necessário também
Se enxergar como convém
Olhando pra si primeiro.