O SÁBIO E O APRENDIZ
No rijo galho da centenária figueira
A fina folha que nascia,
zombava, toda faceira,
Da velha folha que caía.
Em sua queda derradeira,
À mercê do tempo e do vento,
A velha folha sorria
Usufruindo do último momento:
A suave queda que desprendia.
Ressecada pelo tempo,
A velha folha, ao seu final,
Deixava-se levar pelo vento,
Na queda fúnebre, do seu funeral.
E ao som dos pássaros,
Que seus ninhos ali faziam,
A nova folha brotava,
E a velha folha, morria!
Feliz, no entanto,
A sábia folha ensinava
À nova folha que nascia,
Que os cem anos
Que a figueira fazia,
Era devido á seiva doada
Pela velha folha, que jazia!
Inquestionável cio da terra,
Que a mãe natureza veio empreender:
Para que uma nova vida nasça,
A semente tem que morrer!