Numa noite silenciosa e fria, a poesia me deu tudo. Trouxe de graça sua beleza, e seu lirismo acalentou-me na melancolia, afastou os meus maiores medos. Disse-me que eu era tudo e podia ser mais. E que essa dor, essa dor insistente, era uma dor de sentir que se sente e saber que sente. era dor de gente e disse-me que só quem ama e é gente é que a sente. Senti-me então forte e segui em frente, mais teimoso que crédulo, eu e esse lirismo benfazejo e esse olhar novo sobre todas as coisas, as novas e velhas, todas as coisas...
Amanheceu o dia e o sol brilhou, um céu azul e o ar em movimento balançava-me asas imemoriais... senti falta de algo e senti um abandono atroz. A poesia se foi. Não disse se volta e se volta nem disse quando.
A poesia se foi e deixou o enorme silêncio... nesse silêncio foi que pude ouvir como que um canto de pássaro, um rufar de brisa, um doer dentro do peito, um pensamento afoito a me dizer que Poesia é menos a palavra proferida e mais o silêncio que ela deixa...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 27/10/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1890965
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