Insatisfação
Coca-cola, cigarro, livros, comida
O amor, o ócio, a escrita, a política
Que de tudo o que é natural e acessível
Ela transforma em fardo
Quem de nós vive o intenso?
Sua alma já não permite os excessos
Incha, tosse, cega, engorda
Sofre, entedia, bloqueia, ignora
Sozinha ela sabe e teoriza
O que faz dela a obsessão
Debate a vida e sua concepção trivial
E entristece que se chegue à conclusão
Deitada sob um cobertor rasgado
A cabeça sobre um travesseiro de sal
Aquém de um mundo por detrás da fechadura
A mente e a cama são seus lugares preferidos
As coisas são diferentes por aqui
E é tudo tão triste lá fora
Viver uma luta ininterrupta distrai
Morrer sem sentido, sem dó, sem medo
Engana-se a cada dia, acreditando na voz
Aquela que livremente solta o tédio pela boca
E agarra com força o que nunca possuiu
Na tentativa completiva do ser, degrada.