Poema do amor finito
Amei em ti o que foste brevemente
Sob o encanto de meus olhos enlevados,
Com o brilho de um olhar enamorado,
A porção de ti que menos te pertence.
Amei em ti uma grandeza inexistente,
Uma nobreza de alma que somente eu via.
Amei-te como quem ama o raio de sol
Que o nascer do dia anuncia.
Amei-te com a cegueira dos amantes
Que nada enxergam sob a cortina da paixão;
Amei-te e foste perfeito naquele instante,
em que me roubaste corpo, alma e coração.
Amei-te por inteiro, tolamente,
Como amam os românticos inveterados,
Sem medida, sem limites, sem pudor,
Com gestos desmedidos, desvairados.
Mas o tempo, silencioso e eterno aliado
De quem por amor sofre, sem ser amado,
Presenteou-me com o esquecimento.
E se hoje penso em ti com brevidade,
Não sinto dor, tristeza ou saudade.
És apenas volátil pensamento.