Eu quero agora uma poesia de fala fácil
E que aquele humilde que vive a vida sem pensar
Nela de algum modo possa se ver
E quero falar coisas dessa vida
Que todo mundo conhece e sabe
Que todo mundo vê e sente
E que se entende, entende
E que se não entende, sabe que não entende
Não aquela poesia como conversa de médico
Na qual ninguém morre, entra em óbito
Quero falar de coisas que sei e todo mundo sabe
Que o amor acabou quando dei de cara no chão
E a dor cortou como caco de vidro enfiado no pé
E que é difícil um pouco de curar como farpa de madeira na unha
A vida me atropelou como um caminhão de mudança
Não morri da batida
Mas com o velho baú de coisas guardadas que caiu na minha cabeça
Que o desespero é como querer ir ao banheiro e não poder
Que a vida é complicada que nem linha emaranhada
Que a tristeza é como uma amiga que só fala de doença