PELAS RUAS

Pelas ruas, ombro a ombro,
eu caminho, indiferente,
às pessoas que me empurram.
Trago a mente programada
para não ver os sorrisos
que começam meio esquivos
e se apagam, sem aviso,
abruptamente cortados.
O meu rosto é uma tábua,
tábua rasa, plana, lisa,
não mostra os espinhos que a vida
caridosa, sempre alerta,
jogou a meus pés como oferta
e eu, distraido, pisei.