Fio tênue da vida

"Dêste jeito Deus me quis / E assim eu me sinto bem; / Me considero feliz / Sem nunca invejá quem tem / Profundo conhecimento. / Ou ligêro como o vento / Ou divagá como a lêsma, / Tudo sofre a mesma prova, / Vai batê na fria cova;

Esta vida é sempre a mesma" (Aos poetas clássicos - Patativa do Assaré - http://www.revista.agulha.nom.br/anton.html)

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O que me incomoda à frio

Não é a estrada sedenta;

Meu corpo cedo agoenta

O calor que cozinha o estio.

O que me condena de dia

É o halo da compostura

Daquele de boa leitura

Que tudo atura em harmonia.

O rebento se esmera na noite

Em crua e casta filosofia,

Retinas não vêem a sangria

Da dor que chega de acoite.

Na busca raivosa e difusa

Nos francos do enganamento

Vive o corpo em sofrimento

Com a alma sombria confusa.

Assim, adormeço como cotovia

Fugindo de pássaros da noite

Que se degolam no fio tênue

Dessas dores de cada dia.

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Alguém me diz: És um louco...!

E nessa brisa de insanidade

Que condena qualquer maldade

Só quero viver mais um pouco.

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 06/07/2006
Código do texto: T188462