Fio tênue da vida
"Dêste jeito Deus me quis / E assim eu me sinto bem; / Me considero feliz / Sem nunca invejá quem tem / Profundo conhecimento. / Ou ligêro como o vento / Ou divagá como a lêsma, / Tudo sofre a mesma prova, / Vai batê na fria cova;
Esta vida é sempre a mesma" (Aos poetas clássicos - Patativa do Assaré - http://www.revista.agulha.nom.br/anton.html)
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O que me incomoda à frio
Não é a estrada sedenta;
Meu corpo cedo agoenta
O calor que cozinha o estio.
O que me condena de dia
É o halo da compostura
Daquele de boa leitura
Que tudo atura em harmonia.
O rebento se esmera na noite
Em crua e casta filosofia,
Retinas não vêem a sangria
Da dor que chega de acoite.
Na busca raivosa e difusa
Nos francos do enganamento
Vive o corpo em sofrimento
Com a alma sombria confusa.
Assim, adormeço como cotovia
Fugindo de pássaros da noite
Que se degolam no fio tênue
Dessas dores de cada dia.
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Alguém me diz: És um louco...!
E nessa brisa de insanidade
Que condena qualquer maldade
Só quero viver mais um pouco.