Devaneios
Meu mundo é feito de doces fantasias
Nelas sinto-me a mais feliz das criaturas
Mesmo que sendo o mais infeliz dos párias
Ou um rei igual aos que se vê em gravuras
Quando sou o infeliz, beiro a depressão
Por mais que tente erguer-me não adianta
Não há o que me alegre, vivo em contrição
Não consigo sequer reagir, nada me levanta
Se viro o rei descontrolado,sou pior ainda
Nada é suficiente para mim, fico exigente
Nem mesmo um manjar ao mau humor finda
fico tão senhor de mim que é até indecente
Quando sou eu mesmo ganho novos ares
Aí dou assas a imaginação e viro vários
Entre o pária e o rei podem haver milhares
Alguns insuportáveis, até mesmo ordinários
Saio pelo mundo afora, conheço novos lugares
Posso ser o audaz viajante, o paladino da justiça
Enfrento medonhas criatnas, sempre aos pares
Derroto os vilões varrendo do mundo a cobiça
Após, vou repousar na minha pele de mendigo
Passo a pedir nos sinais, fazendo malabarismo
Ou viro um filosofo e o povo aplaude o que digo
Posso ser o mago, perito nas artes do ocultismo
Transmuto-me em imperador, conquisto e domino
Faço-me também de senhor, dono de terras e vales
Mas isso não agrada, pois da avareza me contamino
Então viro o semi-deus, que controla os raios solares
Afinal volto a ser eu, mas eles são a minha essência
Sendo só o reles mortal, alheio aos sonhos e anseios
Vejo as variadas facetas como frutos da minha demência
Que importa? se a felicidade é entregar-me aos devaneios.
Brasília-DF, 18 de outubro de 2009.