ENTRE OS ESPAÇOS

 

Para que tanta vaidade
nas faces mascaradas?
Por que tanta leviandade
no sopro vil das palavras
que esfolam sentimentos?
 
Ah, meu pobre tempo!
Tão breve é seu percurso,
quão nostálgica fica sua carga
com gemidos e soluços...
Tão volúvel é o ser humano
que vegeta de forma amarga
e faz sua cruz, bem mais pesada!
 
Prefiro minha cara lavada
revelando todo o meu sentir,
minh'alma ávida buscando  paz
e meu olhar insistindo no porvir.
 
Não vejo a existência como "um tanto faz"
onde tudo é fugaz e só o hoje interessa
e, amores são jogos de interesses
num inconstante ir e vir
um ritual fugaz...
 
 
Não acolho meias verdades
ou consinto nos sons da mentira.
Sou o princípio do nada
e o fim de tudo, sou semente
que renasce, vestida de sensibilidade.
 
Estou sempre entre os espaços
e no trajeto da caminhada,
posso alterar a rota dos meus passos.
Sou dona da minha vontade!
 
Sou presente em busca do passado
mas dele não tenho pressa,
vou compondo com cuidado
toda sensação guardada, vivida...
Não armazenarei desencanto!
 
Quero um agora com sonhar puro
vivenciar cada temporada permitida.
Ter das palavras a estesia,
sentir os perfumes das estações
e livre, soltar minhas emoções, ser poesia!
 
Para que no adiante, não tenha o olhar duro
ou seja um pássaro em afasia
esquecido do próprio canto.
Não quero a cegueira induzida,
sendo sepultada viva a cada dia...

 
16/04/2009


Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 23/10/2009
Reeditado em 09/12/2010
Código do texto: T1882198