PERFUME DE BYRON

Ai, revoltaram-se as musas,

Enlouquecidas, possessivas

Calíope, cantando, a alma estraçalha

Clio a história achincalha, confunde em desafio

Erato, da lira o fio destroi desesperada

Despojada de prazer Euterpe se alevanta

Melpômene afronta e golpe fatal desfere

Prefere Polímnia ostentar face e língua lascivas

Tália as sempre-vivas queima em desespero

Terpsícore volteia nua e com esmero até desfalecer

Cerra Urânia _ do céu, a quem quiser ver, a grande porta

Juntas desfiguram a poesia quase morta

Sangram-na a aorta em atitude fria

Cortam em tiras a inspiração

A veia mais importante secam

De sofrido coração

Os astros paralíticos

A sifilíticos seres se assemelham

A natureza se encobre inteira

Não reage e se consome

Secam os rios de beira a beira

Depois na escuridão se lançam

E formam pares com espíritos maus

Com eles cantam e dançam

Desnorteadas naus