A ROÇA E A TROÇA

É um espantalho.

Diz o predador em meio à roça.

É uma raposa faminta.

Diz o homem.

Na mira da espingarda estão os dois.

Silêncio de múmia no gatilho.

A mão é a mesma.

Dias antes segurava a boneca

pelos cabelos.

Teus olhos são azuis.

Diz o espantalho,

enquanto lhe derrubam o chapéu.

A plantação é a mesma.

Questão de propósito

e passos.

– Do livro O POÇO DAS ALMAS. Pelotas: Ed. Universidade Federal, 2000, p. 106.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1878293