A inveja bendita (Averno)
Ah! Invejo aqueles que precisam plagiar palavras!
Queria ouvi-los e bebê-los
esquecendo o susto que me causam.
Como cobiçam vocábulos outros?
Que fontes buscam que ainda não achei?
Se sangrarem palavras alheias
serão copiosos autores sem obra
morrendo dia-a-dia de inveja bendita!
Ah! O averno diante de seus narizes
não parece preocupar
nem tampouco ferir,
enquanto o que disserem for impróprio
e o que pensarem for impuro.
E que seja ilegítimo esse desejo
de possuir as palavras d'outros poetas
que suam suas rimas para cada verso!
Maldigo essa inveja, essa cobiça sedenta
dos pobres e fracos que nada têm,
e vêm nos roubar as crias em abnegação.