MONÓLOGO DA XANA

Pensar é dom

E agir é instinto

Filomena passa batom

E pensa num pinto

Filomena joga baralho

E se lembra do caralho

_Que seja maior

Que do meu marido

Que faça melhor que o Alceu

Pois se for pior...

Pelo amor de Deus

Continua vestido...

Filomena apesar de tarada

É moça distinta

Passa as tardes na sacada

E à noite prepara marmita

Com a mão dentro da xana

Ao telefone com a Joana

Seu marido peão de obra

Come toda sobra

requentada do jantar...

E a noite a minhoquinha

Quer sair da toca pra respirar

Esse simplório poema

De uma história vaga e triste

Conta a vida da Filomena

Toda mulher pobre,

Quando morre apaga

E não mais existe...

Acheropita Aphonsius
Enviado por Acheropita Aphonsius em 20/10/2009
Reeditado em 20/10/2009
Código do texto: T1877529