MONÓLOGO DA XANA
Pensar é dom
E agir é instinto
Filomena passa batom
E pensa num pinto
Filomena joga baralho
E se lembra do caralho
_Que seja maior
Que do meu marido
Que faça melhor que o Alceu
Pois se for pior...
Pelo amor de Deus
Continua vestido...
Filomena apesar de tarada
É moça distinta
Passa as tardes na sacada
E à noite prepara marmita
Com a mão dentro da xana
Ao telefone com a Joana
Seu marido peão de obra
Come toda sobra
requentada do jantar...
E a noite a minhoquinha
Quer sair da toca pra respirar
Esse simplório poema
De uma história vaga e triste
Conta a vida da Filomena
Toda mulher pobre,
Quando morre apaga
E não mais existe...