Talvez seja tarde demais
Tarde talvez para querer mais
Tarde talvez para ser tão tarde
Para ser e não ser, o que mais?
Para querer o que não me invade
E me queimar no que não me arde
Ou para o que me mate, talvez
Ou que talvez me faça viver
Tarde para buscar tudo uma outra vez
Tarde para esses sentimentos
Essa sede e toda essa fome
Talvez tarde para todas as coisas
Muito tarde para lhes saber o nome
Tarde para estar a esperar em vão
Na inutilidade desses momentos
Para a dor maior de qualquer sonho
Para estar sonhando ainda essas ilusões
Esse não saber o que sentir
Quando se sabe que é tarde para a solidão
E quando tudo tarda em existir
Quando tudo demora em se extinguir
Talvez seja tarde para estar ainda vazio
E caminhar silencioso esses desertos
Esse o único caminho a se trilhar
Quando se faz tarde para se estar por perto
Quando tanto cansa tanto caminhar
Talvez seja tarde para a saudade
Para o conforto do desespero
Para não querer o que me invade
Para não aceitar o que evito com tanto esmero
Tarde para alguma felicidade
E para evitar todo o desespero
Tarde agora para tudo o que silencio
Nessa quietude que é realidade
Tão tarde para todo esse vazio
Tarde para enfim saber
Que nada me invade
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 20/10/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1876304
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