OBSOLETA

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Dos versos que te fiz, restaram poucos

Alguns já desbotados pelo tempo

Já nada falam; mudos, cegos, loucos

Debatem-se nas gavetas, sufocados

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Das letras que eram quentes, nada resta

Hoje são cinzas; frias, ásperas e amargas

Nada mais dos rumores de vida em festa

Nada além de rotas frases engasgadas...

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Do verbo que ergueu a nossa vida; nada

Nada mais restou; de pé, nenhuma letra

Nossa história, por completa, apagada

Nossa poesia, fragmentada, enfim obsoleta...

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(Lena Ferreira)