O que me mata é essa tristeza com trilha sonora
Essa solidão digerida sem prazo de validade
Esse silêncio que não se quebra no apartamento
Essa estrada sem direção nesse ir sem rumo
Essa ausência do que tem que vir a ser
O amanhã ou um amanhecer um dia novo
O que me mata é um passado que não passa
Uma lembrança entre tantas que não se esvai
E essa dor de sempre que aqui dentro não acaba
Esse rosto que não se apaga na minha mente
A saudade marcada na pele daquele toque
É não ter olhos que me vejam os olhos
E nem mãos que buscam minhas mãos
O que me mata é ser tudo assim tão normal
Cotidiano de uma tragédia anunciada
É ser tudo assim tão incrivelmente assustador
O tempo passando e tirando-me as esperanças
Como os momentos dessa vida que não se vive
É essa tristeza cachorra que não me larga
E me segue todo dia aonde quer que eu vá
Essa agonia do alto de todas as sacadas
E essa melancolia no fundo de todos os copos
O que me mata de verdade é a imagem de seu corpo
Estampada não sei como em todos os corpos
O seu sorriso em outras faces
O seu andar em outros passos
Os seus braços em outros abraços
É eu não lhe velar mais o sono
Nas minhas tantas noites insones
O que me mata é você não existir
Esquecer você completamente
O que me mata não é arrancar você do peito
É arrancar você da mente
O que me mata é isso
Aos poucos
Simplesmente isso
Esquecer de repente
Que você ainda não veio
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 19/10/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1875962
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