Minha (des)crença

Quando menino dancei na chuva

Sobre a vidraça de cada sonho,

Sempre vigiado pelos mistérios

desse céu distante e tristonho.

Nos embalos do grande tempo nu

ensinaram-me crer em deuses desiguais

enquanto minh'alma cansada transpirava

Tentando decifrar segredos divinais.

Vendo a ociosidade desses imortais

Que apenas reprimem meu livre cantar

Deixei de acreditar em deuses

que não sabem, simplesmente, dançar!

Hoje, tento entender

a arrogância dos vivos

rumo a simplicidade dos mortos.

E vago vigilante como olhar de criança

Que conhece os mistérios da luz

E não sabe ao mundo explicar.

Sabe, meu Deus é descolado,

anda sempre ao meu lado

e não faz questão de cheirar

meu perfume ultrapassado.

E o seu?!

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 04/07/2006
Reeditado em 05/07/2006
Código do texto: T187485