Minha (des)crença
Quando menino dancei na chuva
Sobre a vidraça de cada sonho,
Sempre vigiado pelos mistérios
desse céu distante e tristonho.
Nos embalos do grande tempo nu
ensinaram-me crer em deuses desiguais
enquanto minh'alma cansada transpirava
Tentando decifrar segredos divinais.
Vendo a ociosidade desses imortais
Que apenas reprimem meu livre cantar
Deixei de acreditar em deuses
que não sabem, simplesmente, dançar!
Hoje, tento entender
a arrogância dos vivos
rumo a simplicidade dos mortos.
E vago vigilante como olhar de criança
Que conhece os mistérios da luz
E não sabe ao mundo explicar.
Sabe, meu Deus é descolado,
anda sempre ao meu lado
e não faz questão de cheirar
meu perfume ultrapassado.
E o seu?!