Eu sei da volta do caminho que não tem volta
Eu sei da falta que me faz o que me sobra
O que não tenho sempre me foi demais
E tive que dar a todos o que já tanto tinham
E tirei de onde um vazio nunca acabava
E quanto menos tinha mais dava
E agora sei no caminho a volta que me falta
Quando não tenho o que me sobra
E é demais o que mais quero
O vazio repleto de mais tanto vazio
E sei que não sei que volto
Quando vou adiante para trás
Só passado vivido morto acabado
O que me leva a frente de um outro nada
Para o não vivido inacabado imortal
Tormento eterno insuportável...
Na madrugada que não me consome
O dentro e o fora de mim mesmo
Andando e vivendo
Morrendo a esmo
Lutando à toa
Tão alheio de mim mesmo
No tempo medido esquecido
Tão incompreensível
Que melhor era não medi-lo
E dele não ter noção alguma
Para não haver o ir
Para não haver a volta
Nem o movimento
Única ação nossa
No tempo
E eu sei da volta
Do caminho que não tem volta
Porque me sinto ir num caminho
Que não me leva a lugar algum
Só me movimenta a esmo
Quando me movimento à toa
No tempo eterno
De um tormento insuportável
Viver
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 19/10/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1874487
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