É preciso saber sair de si
E ser outro e ser o mesmo
É preciso andar a esmo
E saber chorar quando se ri

É preciso silêncio na solidão
E alçar um vôo perfeito
E depois do amor desfeito
Um novo amor no coração

É preciso nunca sofrer
Não ter lugar para a dor
E quando o amor se for
É preciso saber esquecer

Como se fosse possível
Assim tão corriqueiro
No momento derradeiro
Crer no implausível

É preciso andar a estrada
E saber muito esperar
Essa dor um dia acabar
Nos braços da mulher amada

É preciso saber dizer
Que não diz coisa nenhuma
Quando entre o silêncio e a bruma
Só um grande amor pode nascer

É preciso estar atento
A essa vontade de buscar
Pois uma mulher para se amar
Não se acha num convento

Mas se lá ela estiver
E houver luz em seu olhar
É preciso deixar-se iluminar
E amar essa mulher

É preciso saber esperar
Que um novo dia amanheça
Mas antes nunca esqueça
O sonho quando despertar

É preciso um pouco de poesia
E saber assim se derramar
Em palavras poder revelar
Silêncios de suas noites vazias

É preciso então saber morrer
Bem ao levantar-se da cama
Porque quem muito ama
Tem que saber renascer

É preciso sair mesmo de si
E andar mundos distantes
No amor não tem depois nem antes
Tem só o agora e o aqui

É preciso romper a aurora
O amor só tem porvir
É preciso em busca sempre partir
Do amor que se faz só agora
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 19/10/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1874418
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