DESEJO

Eu sinto que me escorrego como um sabonete

De suas mãos espumosas, dedos escorregadios,

Também sei que não passo de um marionete,

Brincadera monótona dos momentos de tédios.

Remédio sempre fui e da sua ferida fiz cicatriz,

Enfermeira imaginária de seus dias sombrios,

Representando uma comédia - a única atriz

Vestida sem gosto, rosto pálido, modos sóbrios.

Como eu quisera que tudo isso fosse diferente

Que aos olhos estranhos nos olhasse invejosos

E num passo de mágica tornasse de repente

Num amante gentil de carinhos pegajosos

Que sempre sorridente me desse "bom dia"

Palavras leves, balbuciadas aos meus ouvidos,

Lhe juro que seria o tema maior da poesia

Que eu faço para enganar os meus sentidos.

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 18/10/2009
Código do texto: T1873767