VIBRAÇÕES
A mão que traça a vida é senhora impune,
não vê nem ouve à voz dos corações;
e, sendo assim, o meu não está imune,
é a carne sujeita às vibrações.
O amor é um ouro bruto e eterno,
é a cor e a sensação da luz;
faísca incandescente, latejante,
véu do luar que ao céu conduz;
quindim que dança na boca da gente,
desejo que em você eu pus.
Ai, eu juro que não minto,
o que eu te sinto é o mesmo fogo que em você seduz.
Não compete a um mortal tecer juízos
sobre as versões da vida, sua insensatez;
quem dera eu ter a glória, ao menos pouca,
da louca harmonia que Deus fez.
Zanza no ventre a chama eterna,
teus olhos cozinhando os meus;
a esponja dos teus pelos nos meus pelos,
o universo agora és tu e eu;
cadê meu guia, a minha estrela, o dia?,
meu tino vaga a êsmo no breu.
Ai, eu juro que não minto,
o que te sinto é o prazer de viver que você me deu.