APENAS UM SONHO
Ao flutuar da garça que a água devolve,
Fito o mar, no qual os olhos detenho.
E no sopro da brisa e frescor que me envolve,
Movo-me na areia e do mais me abstenho.
Vivo uns instantes de silêncio sublime;
Só voz das ondas ousam rebelar.
E desprendido de enfados, nada me oprime.
Cai a noite ... ao luar, elegi meu lar.
Sedado pelo sonho de momento eterno,
Quisera alicerce na praia fincar.
Mera ilusão! E desperto; mesmo se hiberno,
Não logro co'a vida de ócio brincar.