Noite
Noite, pura noite em dégradé
Um consolo qualquer
É o que minha vida se tornou
É o que meu amor se tornou
Meus olhos já não tão vivos
Sonhos já não tão sonhados
E você, você está riscado
Nessa página nova, de velhas dores
Adormecido clamor
Triste soneto
Um dia, e meu amor?
Meu amor se foi pelos dedos
Esvaiu-se como água
Não pude evitar
Era tarde, e mesmo assim tentei
Mas ainda é tarde... Não insista
Não me ame pela metade dos motivos
Não chore pela metade da dor
Não em seus braços
Não em sua lembrança
Vá antes que destrua o que restou
Vá antes que o sol venha novamente
A verdade sorri na luz
E, na luz, eu percebo que é um erro
Não! Não me procure
Deixe-me só, com todo esse silêncio
É amargo, mas é meu
É minha veste, minha morada...