A Cidade
A cidade habita em mim
Como uma úlcera,
Como uma bomba de sangue
Que se explode em carne.
A cidade habita em mim,
Eu não a habito...
Apenas passo, com meus
sapatos cansados e firmes
E olhos sempre deslocados;
Enquanto isso, ela me come,
Me devora, me cospe, e some,
A cidade... Sempre a mesma cidade,
Carioca, quente, fétida, amarela...
A cidade que me habita e mata,
A cidade dos Santos e Reis...
A ciade fria e sem leis;
A cidade dos meus dezessete
E da minha triste insegurança.