Indigente
(Infectum)
A veia arrebenta
e espirra o negro sangue
pela madrugada alada
e bêbada.
Enquanto um velho
deita-se e vomita-se
num canto da cama,
a moça luiza
se contorce
e assiste aos filhos
perdendo-se pelas filosofias.
O palácio é mínimo
para tantas imagens
e ideias.
Tanta poesia...
tanto e tão pouco,
no rápido,
passageiro
e uniforme.
O primogênito guia
e transforma
os passos destes pobres
no banquete
de cores virgens.
O maldito,
antiquado e promíscuo.
O desertor
de sua pátria
e de seus discípulos.
Um agitador de
faces dúbias;
um grão de qualquer coisa.
Algo que se debate
e combate
algo que não existe,
mas que se tinge
como o quê.
Uma tela inacabada,
em constante construção.
Um humano,
um qualquer,
um entre tantos uns.
Outro daqueles que sentem.
Vive e se reconhece
e reflete a si próprio
o que foi
e em que se torna.
Suga,
usa,
adquire
e toma.
É tudo o que sempre se sonha.
O ser que não é,
pèro c'è.