Vou me deitar entre flores em campos de guerra
Vou arrancar alguma vida que brote da terra
E adormecer em meio a sangue e cadáveres
Vou andar por entre os mortos sem rosto
E vou saber sempre quem são
 
Vou refazer caminhos que nunca trilhei
Buscar tudo aquilo que nem conheço
Pensar sobre o que não sei e nem vou saber
E sofrer o que nem mesmo senti e não sinto
Nos passos que nunca dei e nem nunca darei
 
Vou morrer em cada esquina
De todas as cidades que nunca visitei
Vou enlouquecer com todos os pesadelos
Que tenho sem ver que nunca tive
Quando esqueço que nunca dormi
 
Vou esquecer cada palavra
E matar cada verdade absurda
Sobre a ilusão coletiva da vida
Cada olhar meu no espelho
Quando vejo o outro que me olha
 
Vou esquecer tudo sobre amor: quimera
E tudo sobre felicidade: utopia
Vou deixar de lado essa vontade de viver
Para saber se a vida vai doer
Para saber se dói não saber morrer
 
Vou esperar um próximo instante, bem próximo
Vou esperar as migalhas da eternidade
Vou esperar um dia que não vem
Uma vida que não nasce, não brota da terra
E uma morte que não acontece
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 16/10/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1870744
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