Eternamente.
Primeiro o verbo, num silêncio surdo
A sombra posta em vagas, sombra e vaga
Tingindo a noite num manto de veludo
Foi como a luz se fez em fusca plaga
Traçando novo rumo em rota vaga
Verdade posta num só verso lido
Tomando a dor noutra dor tão só e traga
A culpa paga pelo vício ido.
Adora o vulto, que o fez desnudo;
Sua fé, seu penhor mordaz, esmaga.
A sombra imensa recobrindo tudo,
Eterna, quando cumpre sua saga.
O tempo sábio num desdém divaga
A morte cobra o medo vão, sentido;
Enquanto a paz se despede e indaga:
Será viver este estupor doído?