Só o espelho de Quintana reflete meu alter-ego
O louco dos loucos, sonhador dos sonhadores
Tolo dos tolos que ama a poesia dos outros
Alter-ego que envelhece
Sem apodrecimento da alma
Passa a vida sabendo
Que
Um dia, a velhice chega
Chega, num susto sereno, chega
E continua pensando
Que viverá muito
Morando em hotéis
Para ter a sensação
Da solidão coletiva
E adora ainda mais o tempo da vida
Como o enfermo que
Em vez de combater a doença
“Busca torná-la ainda mais comprida...”
*Com a ajuda de Mário Quintana e seu “Espelho Mágico" (1951)