FOME
Mordia o pescoço com gosto
e sugava o néctar precioso
o sabor do desejo animal
o perfume da vida pulsando
necessidade fisiológica
instinto
Sorvia cada gota vermelha
cada naco de carne
o afã da salivação
exacerbando a fome
hipersensibilizando
as ávidas papilas gustativas
A relva esverdeada manchou-se
de um rubro intenso e viscoso
e ainda ouviu-se
tímido e discreto
um último gemido
enquanto a leoa comia a zebra