FOME

Mordia o pescoço com gosto

e sugava o néctar precioso

o sabor do desejo animal

o perfume da vida pulsando

necessidade fisiológica

instinto

Sorvia cada gota vermelha

cada naco de carne

o afã da salivação

exacerbando a fome

hipersensibilizando

as ávidas papilas gustativas

A relva esverdeada manchou-se

de um rubro intenso e viscoso

e ainda ouviu-se

tímido e discreto

um último gemido

enquanto a leoa comia a zebra

Sigmar Montemor
Enviado por Sigmar Montemor em 16/10/2009
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