SIMETRIA
Na simetria das manhãs de sol,
cigarra estoura o peito aberto ao céu,
o verde em folha acena,
ave revoa o azul ao léu.
E diante de tão pura perfeição,
contraste com o que o homem imagina belo,
desprende a alma, pluma alva, e invade o espaço
celeste e singelo.
E o transe de desse vôo flerta no reino dos cometas,
das estrelas dos planetas
e torna em queda livre e leve ao mistério dos mares,
submersos, estranhos lares;
e ao retomar o corpo, constata a ironia,
diante da luz do dia;
que muito além do poder de sonhar,
um dia Alguém, que sem ter que sonhar,
criou essa harmonia.