Mutação

Mutação

Minhas mãos vagueiam no vazio;

E o lápis na minha frente,

Brinca com a mente,

E pede que desenhe um fio,

Um risco ágil que alivie a alma,

Ou uma palavra quente,

Que me cure e me dê calma.

O risco sai hesitante e sombrio,

Uma névoa desfigurada,

A sujar a folha branca,

Que merecia melhor obra,

Uma silueta mais franca;

Vida nua, vida fria;

Onde não volta o Sol e a alquimia,

Que aqueça a minha mão;

Que me salve o coração.

Caí, aqui por perto,

Da soleira desta porta,

Onde sento o meu corpo,

Cansado desta sorte, da derrota,

Do outro lado da rua...

Vai o sorriso escancarado,

O amor em sua penugem,

Esse, que já me atraiçoou,

E veio morar a meu lado.

O corpo sente o entrar lento da espada,

Que me reduz a pó,

Que me transforma em nada!

Nenúfar 28/9/2009