Reminiscências...

Reminiscências...

O amor há muito tempo, posto em esquecimento

Não soube o coração dissimular a dor cruenta,

Não por faltar-lhe lembrança ou discernimento

Mas, num misto de medo e alegria que atormenta

Pálido, instrumento do próprio desatino

A causa de não sentir a perda da grande estima

Sua natureza ferida, reluta tal destino

Sendo mais numerosas que suas forças ...

Seu propósito mudado, está-o confundido,

Na mais profunda retaguarda do coração

Por anos a fio foste tu, perdida estima !

Desagrado pesar, que em mim recordo em vão ...

A causa de sentir é grande, extraordinária

Maior na amara desventura do amor perdido,

Deitada em outro leito; a si contrária...

A alma cheia de dúvida, coração oprimido.

Cheio de saudade, feroz descontentamento

Qual mansa ovelha, ao duro sacrifício, oferecida...

Liberta, finalmente, de mil juras ao vento...

Eterno esquecimento, do que fui na sua vida !

São Paulo

Armando A. C. Garcia

Armando Augusto Coelho Garcia
Enviado por Armando Augusto Coelho Garcia em 03/07/2006
Código do texto: T186798