Pai! Faz tanto tempo...
Faz tanto tempo...
que não sinto o teu abraço
não ouço a tua voz
não me deito em teu regaço
Faz tanto tempo...
que não sinto teu olhar
repreensivo atento...
às minhas culpas fugazes
Faz tanto tempo...
que não estamos à mesa
e um lindo bolo enfeitado
e nem aquela vela acesa
adornou nosso jantar
Faz tanto tempo...
lembras? - ao Domingo à tarde
o passeio, no parque da Penha(*)
eu e tu na roda gigante
um gigante com coração de menino
dando voltas ao destino
como a roda a girar
Faz tanto tempo...
quando em país tropical
e no passeio matinal
ia-mos rumo à praia
e tu eras o meu mestre
minhas primeiras braçadas
me quiseste ensinar
Faz tanto tempo...
que não contamos os teus anos
a idade parou no tempo
e a tua imagem guardamos
serena e jovial.
Faz tanto tempo...
que este dia de nossa vida
deixou de ser festivo
com saudades...
a tristeza disfarço
neste dia catorze de Março
em que vieste ao Mundo despido
Faz tanto tempo que partiste
a saudade persiste
ficou só a lembrança
de uns tempos de criança
em que tudo era completo
Pai...Mãe...filhos...
e muita Esperança.
Portugal
14/03/06
(*)Parque de diversões no Santuário da Penha