O riacho
É bela e tão natural
A corrente de água no chão
Que desvenda bravia e manhosa
Desenhando um riacho formoso
Pelas quintas e mananciais.
Nas noites de lua cheia
Reflete também a beleza
De um prateado sem igual
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É morna esta indômita veia
A escorrer por todo sertão
Saciando a sede do verde
Banhando a face aflita
Nas secas das estações
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Ah,
Riacho manhoso...
Quais novas tu trazes do norte
Que surpresa tu levas para o sul
Traga-me o indulto das serras
Onde deixei tua nascente
E um amor crescente
Para viver de uma ilusão.
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Olha a cachoeira que despenca!
Ela traz em si a lenda
De um anjo que quebrou a asa
E caiu no mato e virou riacho...
E agora busca o espaço
Pela eternidade sem fim.
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A lenta descida do pequeno riacho,
Que brota ao pé do morro,
Torna-se grande no desemboque do rio
E supremo nos braços do mar
Riacho, riacho! Sempre nobre.
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Vai-te desbravador
Abrindo clareiras afins
Doando suas margens aos vilarejos
Sorvendo o esmero desejo
Regando poesia em mim.
...........” Catarino Salvador “.