eu tenho medo

eu tenho medo da imensidão

da imensidão do infinito

tenho medo dos amores

da ilusão

dos grandes amores

dos carinhos fortuitos

tenho medo das flores

do perfume das flores

tenho medo da perda

da dor imensa da perda

tenho medo do mar

do fascinio do mar

tenho medo de amar

tenho medo da lua

da solidão da lua

tenho medo da rua

onde ela mora

tenho medo quando ela chora

tenho medo da estrada

da proxima curva da estrada

dos mistérios do olhar

da desilusão

tenho medo do chão que eu piso

tenho medo de certos sorrisos

tenho medo de ficar muito perto

de ficar deserto

tenho medo do sol

das surpresas embaixo do lençol

da chuva torrencial

dos ventos

dos raios

dos trovões

tenho medo do mundo ao meu redor

do que pode ser pior

tenho medo dos camaleões

de não acordar do meu sono

do abandono

da casa arrumada

e vazia

da noite fria

da noite escura

tenho medo de escuro

do que eu não consigo ver

tenho medo de perder

de não envelhecer

tenho medo de deus

mas duvido

do moleque esperto

que assedia o meu vidro

tenho medo do bandido

do homem fardado

tenho medo de olhar pro lado

de atravessar a rua distraido

de andar sozinho e calado

de segredos no ouvido

de promessas

de sonhos

de pesadelos

da revolta dos cabelos

do desencontro

do excesso de zelo

do desconforto

de ficar a deriva

de não ancorar no porto

de não trancar a porta

de não abrir as janelas

do que não me conforta

dos desmazelos do jardim

tenho muito medo dela

morro de medo de mim

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 14/10/2009
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