"ANTÍPODAS CLIMÁTICOS"
SECA.
O flagelo do sertão nordestino.
O céu anualmente azul e a presença de esparsas nuvens brancas.
Um vento cansado, quase morto.
O sol escaldante a desidratar rios e açudes,
Provocando o surgimento de rugas no solo argiloso –
Rugas que também são deveras encontradas na pele do homem sertanejo.
Animais definhando de inanição por todos os lados.
Migrações.
Tudo isso mesclado ao cinza da vegetação ressequida: a Caatinga.
Uma paisagem completamente inóspita.
Um lento processo de desertificação.
INVERNO.
Retorno das águas desertoras.
As chuvas caem do céu como uma dádiva de Deus.
Tudo no sertão torna-se festa.
O verde brota novamente da terra e sobre a terra.
Os riachos voltam a correr em seus leitos até então enrugados.
Os animais retornam a seus habitats de origem.
É a vida ressurgindo, de forma repentina, do praticamente nada.
Contudo, se no sertão a chuva é recebida com euforia,
Nos grandes centros urbanos ela assume o papel de vilã.
Provoca inúmeras enchentes,
Deixando um enorme exército de desabrigados
Que iniciam uma incansável batalha para reconstruir suas vidas.
Não seriam, a seca e as enchentes, vinganças da Natureza
Ante as crescentes agressões desferidas pela humanidade?