MEU QUARTO
 
Entre as paredes brancas,
este quarto quase quieto,
assombra o som do vento,
do teto um ventilador que canta.
Parece um vazio eterno,
como eterna é a saudade,
como eterno é o amor,
seja lá quem for o merecido coração.
Mesmo que sejam vários corações
nas frias jornadas da vida.
Desse quarto acanhado,
fragmenta o olhar solitário,
vê entre rostos passados,
os olhos perdidos num horizonte distante.
Entre a cama e a porta uma dúvida,
qual rumo certo da paixão?
Não se escolhe um amor por medidas,
nem se colhe uma flor com precisão.
Daquele quarto sonhado,
como promessa de muitas noites livres,
fica pousada no fundo d’alma,
uma dor de quem errou o caminho.
Parecem voar pelos cantos,
poemas tristes que explodem no peito.
Resta a dúvida dos suicidas,
sê covarde por um instante apenas,
ou ter coragem de criar mais um poema.
Dos quartos e casas vazias da vida,
um dilema entre o passado e o sonho,
aquele que foi o princípio,
daquele que será o rumo da fantasia.
E eu, durmo entre paredes que criei,
como se fora meu destino,
ouvir promessas na solidão da noite
e ajeitar amores na incerteza de um sorriso.