Eu não falo com plantas, é claro!
No mínimo as observo, trato delas
Mas agora escrever um poema
Justamente para uma delas
Era só o que me faltava!
Mas o que fazer, se reguei as palavras?
Sou poeta, decerto! Pois tento ser
E acordado vou sonhando
Porque em sonho desperto
Não sei se vivo ou se durmo
Ou se em sonho vou vivendo
Tudo em volta, longe ou perto
Em tudo o que vou contemplando
No brotar das horas displicente
No vegetar de pensamentos me distraio
Um quase desmaio de um cochilo na poltrona
Enquanto ela roçando a parede
Parece olhar-me assim de soslaio
Do seu chão xaxim um broto aponta
A olhar meio tímido por onde vai
Nasce enrolado, cresce desenrolando
E vai indo por onde vou olhando
Eu, que em meus afazeres torno-me desatento
Olho de novo, mais uma vez, e contemplo
Já um galho e seus cotocos
Vai no ar afoita se insinuando
E eu vou e volto da rotina de todo dia
Para notar um galho que se faz grande
Em sua calma rotina de crescer
Percebo, não é um broto solitário
Outro ao seu lado já nascia
Dois galhos lado a lado crescendo
Como se disputassem uma corrida
Tudo que sei fazer é só olhar
E saber estar vendo
Uma planta crescer (porque tem vida)
E tantos outros dias a mesma rotina
Meu ir e vir e os afazeres
A minha é uma sina de gente
Não ter onde fincar a raiz
A sina da planta é não ter comida
Só a terra que troco e a água que lhe ponho
Com só isso ela vive
A crescer para perto do chão
Meu chão que é dela o céu
O céu dela é meu chão
Terra e água, ela vive
Ou talvez não
Ela deve comer luz
Decerto ela é poeta, sem tentar
Ou eu porventura sou uma planta
Ela transforma em vida água e luz
Numa simplicidade que me encanta
Não sei se alguma poesia
Vai de mim para ela
Ou vem dela para mim
Olhando ela olhar a luz
É ela olhar a luz olhar para mim
Minha sina, a sina dela
Poesia, terra, água e luz
E eu tento, decerto, ser poeta
Com o absurdo de viver assim
Nesse sonhar mesmo que desperto
Com tanta luz a olhar para mim
No mínimo as observo, trato delas
Mas agora escrever um poema
Justamente para uma delas
Era só o que me faltava!
Mas o que fazer, se reguei as palavras?
Sou poeta, decerto! Pois tento ser
E acordado vou sonhando
Porque em sonho desperto
Não sei se vivo ou se durmo
Ou se em sonho vou vivendo
Tudo em volta, longe ou perto
Em tudo o que vou contemplando
No brotar das horas displicente
No vegetar de pensamentos me distraio
Um quase desmaio de um cochilo na poltrona
Enquanto ela roçando a parede
Parece olhar-me assim de soslaio
Do seu chão xaxim um broto aponta
A olhar meio tímido por onde vai
Nasce enrolado, cresce desenrolando
E vai indo por onde vou olhando
Eu, que em meus afazeres torno-me desatento
Olho de novo, mais uma vez, e contemplo
Já um galho e seus cotocos
Vai no ar afoita se insinuando
E eu vou e volto da rotina de todo dia
Para notar um galho que se faz grande
Em sua calma rotina de crescer
Percebo, não é um broto solitário
Outro ao seu lado já nascia
Dois galhos lado a lado crescendo
Como se disputassem uma corrida
Tudo que sei fazer é só olhar
E saber estar vendo
Uma planta crescer (porque tem vida)
E tantos outros dias a mesma rotina
Meu ir e vir e os afazeres
A minha é uma sina de gente
Não ter onde fincar a raiz
A sina da planta é não ter comida
Só a terra que troco e a água que lhe ponho
Com só isso ela vive
A crescer para perto do chão
Meu chão que é dela o céu
O céu dela é meu chão
Terra e água, ela vive
Ou talvez não
Ela deve comer luz
Decerto ela é poeta, sem tentar
Ou eu porventura sou uma planta
Ela transforma em vida água e luz
Numa simplicidade que me encanta
Não sei se alguma poesia
Vai de mim para ela
Ou vem dela para mim
Olhando ela olhar a luz
É ela olhar a luz olhar para mim
Minha sina, a sina dela
Poesia, terra, água e luz
E eu tento, decerto, ser poeta
Com o absurdo de viver assim
Nesse sonhar mesmo que desperto
Com tanta luz a olhar para mim