Íntima Revelação.
Dou-te meu corpo em demasia
E minha boca em doce tortura
A beber-te vulgar e vadio
Em gotas que alimentam
Meu desejo de Poesia.
Retiro das mãos o teu chicote
Ágil serpente a consumir-me
E conduzo tua volúpia
As tardes quentes de outono
Em que se desfolham margaridas
No frio de algum canteiro.
Dou-te meus seios para que sugues
O prazer de teus enleios
E abro as pernas em suave movimento
Para que reine em delicadeza
Dentro de mim tua coragem.
Arranho tuas costas,
Permeio tuas virilhas,
Língua, dentes e idiomas gemidos
Fascinam o ar em cheiro e gozo
Nesta dança sensual e louca
Na serenidade dos corpos fulgurantes
A penetrar os mistérios da carne
Que de tão surrada, tresloucada, é amante.