O gosto insípido
O gosto insípido
Qual vela
Se diluindo
num calor abrasante
De um dia de domingo
Eu agarrada ao azulejo do banheiro
Cortando a carne
que lembravam teu cheiro
Amaldiçoei o instante
Em que teus gestos tornaram-se traiçoeiros
Era o estalar da seca saliva
Típico desvario
Que me consome
num dia plácido
onde segredos
vem suplicar aos meus ouvidos
enquanto a chuva vai arrancando minhas vestes
levando de mim o que tu
me dava
tornando-me
uma convulsão febril
e eu desalento partido
ou esquecido
eu era mesmo a contrapartida
Sentindo que o céu se partia
e repartia nossas frágeis memórias
em tons de sabor quase anil