Pescador de emoções
Um dia, deixo-me levar pelo teu barco; assim decifro as contínuas formas que ainda não foram descritas na tua formação de maré-mulher(Kal Angelus).
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Águas buscando maré complexa!
Córrego sonhando insistente
igual vontade descontente.
Caminho tortuoso em calmaria,
rio manso, doces águas...
cedo no mar da vida deságuas;
Nas curvas do inesperado,
encontros de rasos conceitos;
martírio das sedes insaciáveis
nas marés de águas intragáveis;
Mar aberto descoberto,
convite aos mais afoitos
desbravadores de sete mares;
abraços dos perdulários
perdidos entre amores corsários.
Abismos entregues à mente,
mistérios ao mais descrente
pescador de ilusões;
tripulante da frágil embarcação,
barco perdido demente
das viagens do coração.
Antes, sobre leme afoito,
navegante semi-morto:
vendavais e bruma mansa.
- Agora, dunas contra remo!
Margens opostas da ilusão,
areias na teia do tempo:
sôfrega e passageira emoção.
Lembranças turvas sob leito,
curvas rasas cristalinas
amenizando meus defeitos;
- O enigma da última maré!
Limpeza dos últimos refugos,
sonho avesso condenado
sem vela da primeira emoção:
nuances no córrego guardado.
Aonde mortos descansam,
jaz destroços e sentimentos
- Último barco do enganado!
sem a quilha prometida.
Navego tua maré-mulher,
entre sargaços das razões:
refugos que morrem sempre
nas praias de sonho
do pescador de emoções!
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