LAMENTO
O azul ficou feio dentro do meu céu,
De repente os meus olhos ficaram cegos,
Minha alma silenciou num mausoléu,
Cravaram em mim enferrujados pregos.
Esfregaram em meu rosto o vermelho vivo
do sangue que jorrava de dentro do meu ser,
Zombaram do meu cérebro triste, pensativo;
Deixaram-me caída em gemidos a padecer.
Despiram-me por dentro, lavaram-me o interior
Onde eu guardava escondida a esperança
e com ares de grandeza, muito superior,
romperam o que eu chamava de aliança.
Mataram o que mais bonito havia em mim!
O embrião em zelos guardado, conservado,
Sujaram o meu céu terminando assim:
Em travas o que sempre chamei de azulado.