A dúvida como esperança

Caminhamos juntos, um dia desses

Sorrimos juntos, uma hora dessas

Olhamo-nos,

Beijamos,

Suamos,

Escutamos juntos uma mesma canção

Hoje a palavra cala

Muda de respostas, invade o infinito obtuso da dúvida

Agruras do obscuro

O peito sente

A dor existe feito lugar-tenente

Agora sem festa,

Os confetes no chão

Provam o ar da solidão

Ressacas mal curadas

Com sabor de angustia e ilusão.

Quando a razão abre espaço para a emoção

Não há razão para lógica

Se o coração afetado extravasa o peito com qualquer sensação

Só há loucura, não há razão.

Por via das dúvidas idolatremos a dúvida!

Se duvidarmos do começo

Há esperança de que o fim não esteja no fim

Se duvidarmos do fim

Há esperança de que o começo seja só o começo

Se duvidarmos da vida

A morte não será tão inexorável

Se duvidarmos do bem

Não nos sentiremos tão mal

Se duvidarmos do amor

Não haverá sentido para tanta dor

Se duvidarmos de nós

Acreditaremos mais nos outros

Se duvidarmos que existimos

Teremos, quem sabe, mais essência em nosso caminho.

Aí, talvez, caminharemos juntos, qualquer dia desses

Sorriremos juntos, qualquer hora dessas

Olharemos-nos, beijaremos , suaremos

Escutando a mesma canção...

Walquimar Vilaça
Enviado por Walquimar Vilaça em 11/10/2009
Reeditado em 12/09/2021
Código do texto: T1859481
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